sexta-feira, 26 de maio de 2017

Minha pintura na expo Novas Paisagens, Jornal do Comércio em 26/05/2017


Exposição coletiva Novas Paisagens

Abertura 27 de maio de 2017 na galeria ARTE&FATO
Visitação: até 23 de junho de 2017
Segunda a sexta das 12 às 17h


sexta-feira, 31 de março de 2017

Texto escrito pela querida Prof.ª Dr.ª Umbelina Barreto para a exposição "Pequenas Estórias", no SESC

Luiz Gustavo Rigon
Este texto se debruça sobre um conjunto de desenhospinturas de Luiz Gustavo Rigon, chamados pelo artista de pequenas estórias e desenvolvidos em um período de três anos, em que o artista se propôs a realizar o número de mil desenhospinturas. A proposta do artista, bem como o seu trabalho, me faz pensar na beleza e na leveza dos origamis japoneses, especificamente, nas cegonhas denominadas TSURUS, que tal como a decisão de Rigon, ao se fazer mil, tem-se uma oração pela paz no mundo.


TERRENOS INUNDADOS
Uma protonarrativa sobre as tensões de uma superfície em cor
Umbelina Barreto


Pensar em desenhos que emergem da água colocada sobre um suporte de papel pode ser tão saboroso como pensar em campos de arroz de jasmim, de onde emana um aroma indescritível. Pois são assim os desenhos de Rigon: aromáticos e saborosos.
O artista, de certa forma, vai “encontrando” os seus desenhos nos alagadiços que provoca em um fértil campo de criação. E nós, observadores atentos, vamos “colhendo os frutos” desse processo que nos faz percorrer visualmente caminhos em que reconhecemos novos mundos, novas narrativas em personagens que fazem parte da ação registrada no tempo.
O desenho vai sendo cultivado a partir das restrições impostas pela acumulação da água, que Rigon joga sobre o suporte. Mas a tinta também é jogada nas poças d’água, e isso faz com que o mineral que define a cor sedimente e forme algumas estruturas que se espelham em estruturas geológicas. É como uma mancha condensada no tempo. E, é durante esse processo, que o grafite vai sendo utilizado, traçando os limites da poça d’água gerada pela tensão superficial sobre a superfície plana do papel, definindo o seu desenho como se fosse uma protonarrativa sobre as tensões de uma superfície em cor.
Ao olhar os desenhos de Rigon, fica-se sempre a procurar na memória um universo de referência e, em um primeiro momento pode-se até pensar no surrealismo, nos apontamentos automáticos de Max Ernst construídos como uma história natural, ou ainda nos espaços anamórficos de Salvador Dali, no início do século XX.
Mas, se a memória aponta a pintura automática dos surrealistas, de qual universo o artista está a falar hoje, no início do século XXI? A criação dá-se no espaço da inundação do papel e o jogo da narrativa nos desenhos de Rigon é tão forte que ao nos depararmos com alguma figura já vamos adentrando no espaço como se estivéssemos a entrar no universo narrado. Pode-se, por vezes, ver uma figura alada a conversar com o gato de Alice no país das maravilhas, pois os mundos ficcionais da fantasia também dialogam com os desenhos de Rigon. No trabalho do artista, a criação de novos mundos não passa despercebida, pois fica-se a tentar a ler a história de onde saíram. Estão em suspensão ou se referem a mundos suspensos? Ou talvez, dentre esses mundos, se possa pensar, simplesmente, no mundo da linguagem.
Rigon diz que poderia começar contando uma história: em um mundo em extinção uma mulher-árvore vai soltando as sementes para uma nova semeadura, que, como terrenos cultivados vão narrando novas histórias, cruzando desenhos mínimos em espaços máximos que vão sendo puxados das poças, ou seriam poços? Não, os desenhos de Rigon não saem de poços, pois referem-se à linguagem e são como as dobras da superfície. São como leves origamis em devaneios da matéria que se mostram em caminhos percorridos, nos quais ele vai deixando personagens que seguem sempre em procissão.
Nos caminhos construídos por Rigon como desenhospinturas, a água gera surpresas plástico-gráficas em reiterados mapeamentos, e a partir desse espanto as personagens vão sendo criadas e vão sendo narradas como em uma grande procissão. São seres surgidos da água e petrificados na cor que vão sendo aprisionados pelo grafite que os vai desenhando a todos, e, aqueles que não são desenhados, são, simplesmente, sedimentados. Estaria aqui o automatismo de Rigon? Estaria nesses restos e sobras acumulados ao acaso?
A imaginação é interessante, mas, talvez ela precise ser motivada por algum tipo de estrutura, aparentemente aleatória, que emerge de superfícies naturais, ou mesmo construídas e que já sofreram a ação do tempo. Sedimentações e estruturas geológicas desenham o tempo. E, talvez seja esta a ideia de tempo a que Rigon se refere quando menciona os restos e sobras que vão sendo acumulados ao longo de nossa própria história. E o artista pode, simplesmente, coletar e acumular na água as sobras de outros tempos, sem ser crítico e sem censurar o que vai sendo levado de um momento a outro.
Em que sentido, em que sentido, diria Alice, que não compreende que a linguagem pode ter múltiplos sentidos. Mas Rigon diz: é como fotografia de praia, em que eu vou fotografando os achados e quando os acumulo, eu os inundo, mergulhando-os na água e voltando a fotografar o conjunto submerso pela água, pois, novamente é a superfície o que se tenciona e é exatamente aí onde busco novos aromas e novos sabores.
Fico pensando! Seria essa a forma de encontrar a maresia? Como pode-se passar da sedimentação à erosão e vice-versa?
Os desenhos de Luiz Gustavo Rigon nos deixam inundados, pois parece que são parte de um universo que não tem fim e que se poderia percorrer eternamente e, ainda assim, seríamos sempre surpreendidos em um ou outro sentido.

Dezembro de 2016.



Pequenas Estórias, SESC unidade centro, Porto Alegre 

Abertura: 04 abril de 2017, das 19 as 20h
Visitação:até 28 de abril de 2017




Paisagem (in)certa, Centro de Exposiciones Subte, em Montevidéu, Uruguay

Abertura: 29 de setembro de 2016
Visitação até 13 de novembro
Curadoria: Ana Zavadil


domingo, 19 de março de 2017

Pequenas Estórias, SESC Porto Alegre, Unidade Centro
Abertura: 04 abril de 2017 das 19 às 20h


Horizontes da Paisagem, Galeria de Artes do Ordovás, 
Caxias do Sul, RS(2016)



Curadoria de Ana Zavadil
Obras do AMARP – Acervo Municipal de Artes Plásticas e de artistas convidados.
Local: Galeria de Artes do Centro de Cultura Ordovás
Visitação: até 09 de julho, segunda a sexta-feira, das 9h às 18h e aos sábados, das 15h às 18h
Workshop sobre Curadoria com Ana Zavadil
20 de junho, às 18h, na Sala de Cinema Ulysses Geremia no Centro de Cultura Ordovás